Uma das maneiras mais acessíveis para os investidores que desejam participar do mercado de ações é aderir a um fundo de investimento.
Desta forma, você pode confiar seu dinheiro a profissionais com vasto conhecimento de mercado, que acumularam experiência navegando pela turbulência de diversas crises econômicas. O investimento via fundos é uma opção atraente para quem quer usufruir dos rendimentos das ações, mas não detém um conhecimento mais profundo em finanças e contabilidade – seja por estar no início de sua jornada como investidor ou por preferir focar em sua atividade profissional.
Além disso, os fundos de investimento também podem ser utilizados como meio de aprendizado para todos os tipos de investidores, até mesmo os profissionais. Isso porque é possível analisar as estratégias que os gestores mais experientes utilizaram em cada momento do mercado.
Essa possibilidade existe devido à Instrução 555 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), estabelecendo que os fundos devem divulgar publicamente a composição de suas carteiras. Entretanto, para não prejudicar a estratégia das casas de investimento, há um período de carência, usualmente de três meses, para que o fundo seja obrigado a divulgar todas suas informações detalhadas. Para quem deseja apenas analisar as escolhas de cada gestor, este período não é um empecilho.
Art. 59. O administrador deve remeter, por meio do Sistema de Envio de Documentos disponível na página da CVM na rede mundial de computadores, os seguintes documentos:
(…)
b) demonstrativo da composição e diversificação de carteira;
Para verificar a carteira de seu fundo de investimento preferido, você pode acessar o site da CVM – https://www.cvm.gov.br/, e então clicar em Fundos (no menu à esquerda), depois no botão “Consulta a informações de fundos”, e em seguida “Fundos de investimento registrados”. Ou simplesmente clicar neste link, que leva diretamente à página de consulta: (https://cvmweb.cvm.gov.br/swb/default.asp?sg_sistema=fundosreg).
No campo de busca, você pode digitar parte do nome do fundo desejado, ou seu CNPJ. Por exemplo, na figura abaixo pesquisamos um dos nomes mais conhecidos no mercado, o Alaska Black.
Como usamos apenas parte do nome, a pesquisa trouxe diversos fundos da gestora:
Neste exemplo, vamos optar pelo ALASKA BLACK MASTER FUNDO DE INVESTIMENTO EM AÇÕES – BDR NÍVEL I. Clicando no nome do fundo, somos direcionados para uma página com alguns dados cadastrais e as demais informações que a administradora deve fornecer para a CVM:
A informação mais relevante quem busca entender o processo de decisão dos investidores profissionais é a “Composição da Carteira”. Clicando neste link, vamos para a página que mostra os ativos do fundo no mês imediatamente anterior:
Como podemos notar, as informações estão ocultas – sabemos o valor de mercado de cada ação detida pelo fundo (conforme a coluna Posição Final) e as negociações realizadas no mês (colunas Vendas e Aquisições). Mas não vemos a qual empresa cada linha se refere. A CVM permite a divulgação desta forma para evitar que qualquer pessoa simplesmente replique a carteira dos fundos em tempo real, o que prejudicaria o diferencial competitivo das gestoras, obtido com grandes investimentos em estudos e análises.
Entretanto, se retrocedermos três meses ou mais, escolhendo uma competência mais antiga, a carteira completa estará liberada. Vamos optar, por exemplo, pelo dado de fevereiro de 2017:
Nesta imagem, vemos que a maior posição do fundo na época, representando 19,722% do seu patrimônio líquido, eram as ações com código MGLU3 (Magazine Luiza). É possível notar também que naquele mês foram adquiridas 60.200 ações da empresa, enquanto as vendas foram de 24.200 ações – ou seja, o fundo estava aumentando sua posição.
Todas essas informações estavam disponíveis para o público em geral há vários anos. Mesmo sem acesso a informações privilegiadas, quem percebesse que uma gestora famosa estava apostando pesadamente em uma small cap (à época), e resolvesse replicar o investimento por conta própria, teria um retorno de mais de 30 vezes em um período de três anos e meio.
Vamos agora consultar o fundo SQUADRA MASTER LONG-BIASED FUNDO DE INVESTIMENTO EM ACOES, para ver a posição da carteira em julho/2019.
Neste caso, a lista de ações é extensa, por isso a imagem abaixo mostra apenas algumas posições de destaque.
Chama atenção o ativo com código IRBR3 (IRB Brasil Resseguros), que aparece duas vezes na tabela: uma como “Ações”, e outra como “Obrigações por ações e outros TVM recebidos em empréstimo” (o que significa que o fundo alugou ações para vendê-las no mercado, esperando uma queda do seu preço). Observa-se que a posição vendida em IRBR3 (R$ 72.796.790,00) tem praticamente o dobro do tamanho da posição comprada (R$ 37.646.505,00), o que significa que o fundo efetivamente está apostando contra a ação.
Seis meses depois da data desta carteira, em 2 de fevereiro de 2020, a Squadra divulgaria a primeira carta em que tornou pública sua estratégia de ficar short em IRBR3 (veja aqui), e mais um documento adicional de 154 páginas detalhando os motivos para tanto (relatório). Isso marcou o início da derrocada das ações, que apresentaram queda de mais de 80% no período de seis meses, com parte importante do movimento acontecendo antes da crise do coronavírus. É importante observar que, na carta divulgada um ano antes, em 26 de fevereiro de 2019, a mesma Squadra já indicava estar alocando uma posição contrária a uma empresa de seguros, mas sem revelar qual. Uma análise nos dados publicados no site da CVM seria suficiente para desvendar a questão.
Com esses exemplos, fica claro que os investidores têm à sua disposição uma montanha de dados extremamente valiosos para utilizar em suas próprias estratégias de alocação de carteira.
Entretanto, como no Brasil há mais de 30.000 fundos de investimento, é preciso conhecimento para filtrar aqueles que realmente podem contribuir com informações úteis. Por exemplo, não faz sentido estudar dados de fundos passivos, que simplesmente seguem um índice como o Ibovespa. Nestes casos, não há uma inteligência agregada nas informações disponibilizadas.
Também existem gestoras que utilizam preferencialmente técnicas de high frequency trading, com posições de curtíssimo prazo. Por isso, para alguns fundos, os dados públicos também não permitem a replicação da estratégia.
Entretanto, há inúmeros fundos que, além de demonstrarem capacidade de superar com consistência os principais índices do mercado, montam posições com base na filosofia de value investing, escolhendo ações com grande potencial de valorização e mantendo-as em carteira por um prazo mais longo. É exatamente nesses casos que uma análise detalhada de suas carteiras pode trazer informações valiosas.
O Smart Money se propõe exatamente a isso: por meio de técnicas de análise de dados e algoritmos matemáticos, filtrar o grupo de fundos com maior potencial de geração de informações de valor. E, a partir disso, descobrir as posições de maior consenso, bem como os níveis de preços considerados para aumento e redução de posição, conforme decisões realizadas pelas mais brilhantes gestoras de recursos do país.
anotação teste
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Equipe SmartMoney